Hoje foi o dia em que disse adeus ao meu primo Wilson.
Da hora da despedida não consigo tirar da memória a imagem da jovem mãe afagando-lhe a pequena cabeça, enquanto lhe murmurava os últimos carinhos.
Quantas noites se deitaram os dois, lado a lado, e ele sentindo-se aconchegado adormeceu, naquela sensação de segurança agradável e doce, que apenas a proximidade materna proporciona. Em quantas dessas noites despertou ela e, olhando-o primeiro ansiosa, sorriu depois, de alívio, vendo-o em calmo sono profundo. Quantas vezes foi aquele pequeno corpo, lavado e cuidado por aqueles pais, no meio dos mimos e carinhos que apenas um filho é capaz de gerar.
Sete meses de descoberta, de entrega gratuita e apaixonada, foi o tempo que tiveram para se fruírem e amarem. Sete meses apenas!
Pois é Wilson, sabes, sete meses não deram para nada. Não deram sequer para descobrires o prazer de brincar com a tua irmã, ou de escutar o teu pai a tocar para ti. Não deram sequer para saber como seria andares na rua, passeando de mão dada com a tua mãe, ou correres atrás duma bola no jardim. Sete meses não deram para descobrirmos a beleza de te escutar a balbuciar as primeiras palavras, e mais tarde te ouvirmos a contar a aventura das tuas descobertas.
Pois é Wilson, partiste! Para onde foste não sei. Mas sonho que o teu destino seja o de todos nós e, que aí nesse lugar de mágica beleza, te reúnas aos que antes de ti nos deixaram, esperando juntos o dia em que também nós nos reunamos à vossa festa, sob o olhar babado dum Pai que nunca desistiu de cada um de nós. Aliás, apenas este sonho pode ajudar a suportar a dor que teus pais agora sentem a corroê-los por dentro. Apenas este sonho me ajuda a aceitar que, a dor que ontem lhes vi no rosto, não é gratuita nem desnecessária!
Pois é! Hoje foi o dia em que disse adeus ao meu pequeno primo Wilson! E Sabem uma coisa? Só me apetece despedir dele dizendo: - Até um dia priminho!
Sábado, 18 de Fevereiro de 2006