O Último dos Idealistas
Hoje morreu Álvaro Cunhal. Com ele desapareceu o último dos idealistas. Não me interessa agora a discussão sobre os méritos ou deméritos das suas concepções ideológicas, antes o simples facto de nele ter existido a experiência da visão utópica e ideológica do mundo. Hoje já não há políticos ideologicamente ricos. Hoje olho em volta e apenas vejo pragmáticos primários, visando a satisfação das suas necessidades individuais em detrimento dos outros. São ideologicamente vazios. São secos, crus, estéreis e perigosamente individualistas. As ideologias estão mortas, apregoam eles. Pobres de nós. O que nos separa da barbárie é, muitas vezes, a concepção ideológica das sociedades. Sem ela, não passamos de organizações sociais semelhantes a um qualquer formigueiro ou uma qualquer colmeia.
Por tudo isto e, mesmo não sendo marxista-leninista ou comunista, não pude deixar de me sentir mais só e pobre quando escutei a noticia da morte de Álvaro Cunhal.