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PROTEU

Porque Não Podemos Andar Sempre a Dormir e Há Muita Coisa Ainda Para Descobrir e Ver.

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Porque Não Podemos Andar Sempre a Dormir e Há Muita Coisa Ainda Para Descobrir e Ver.

O Nuclear do Senhor Patrick

M Bento, 30.06.05

O empresário Patrick Monteiro de Barros anunciou, esta quarta-feira, que vai apresentar ao Governo uma proposta para a construção de uma central nuclear em Portugal, em conjunto com um grupo de investidores portugueses. (TSF)


Agora que nos outros países desenvolvidos se começou a desmantelar as Centrais Nucleares, vem este senhor falar em fazer uma cá no burgo. Gostava de saber quem é que verdadeiramente está por de trás desta peregrina ideia. Quer-me parecer que os que têm ganho muito dinheiro à conta da produção de energia nuclear, precisam de novos locais para instalar as suas centraizitas. Vão ter que sair de outros países e já andam a ver se conseguem cá meter o seu lixito. Com empresários da estripe deste Patrick já percebemos porque é que a nossa indústria anda sempre umas décadas atrasada.

Começo a Estar Farto de Tantos Economistas

M Bento, 28.06.05

Com a trapalhada que foi toda esta história do Orçamento Rectificativo, fomos novamente bombardeados por uma avalanche de opiniões de tudo quanto é economista cá do burgo. Este predomínio do técnico de economia sobre o planificador e decisor politico cada vez me parece mais um absurdo. É quase o mesmo que o mecânico do Michael Shumacher substituir-se ao piloto e decidir como é que ele há-de fazer as curvas ou as ultrapassagens. A pretensa decadência do Estado Social, parece resultar mais da vontade de determinados grupos económico-financeiros do que de incapacidade própria. Em relação a isso basta ver o que se está a passar com o único órgão de comunicação social não alinhado com o sistema - A Capital. O seu director e o seu colaborador mais directo demitiram-se. As pressões para alterarem o rumo editorial já deviam ser enormes.

A Brincadeira do Sr. Secretário de Estado do ME

M Bento, 19.06.05
 

O secretário de estado da educação, Valter Lemos, hoje na TSF procurou mandar areia para os olhos dos portugueses e para isso mentiu, ou pelo menos alterou a realidade. Fê-lo ao dizer, angelicamente, que para o serviço de exames são apenas necessários um número mínimo de professores. Ora no Despacho de 14 de Junho de 2005, no seu ponto 3 pode ler-se o seguinte:


 “(…)todos os docentes dos estabelecimentos de ensino abrangidos por esta medida, incluindo os docentes dispensados da componente lectiva, devem ser obrigatoriamente convocados para a realização do serviço de exames, incumbindo aos órgãos de direcção executiva da respectiva escola elaborar um plano de distribuição de serviço que contemple todos os professores de forma a assegurar a adequada realização das provas de exame.”


Ora se são todos os docentes dos estabelecimentos de ensino onde se realizem os exames, então o senhor secretário de estado não pode, falar em “número mínimo de professores”. Aliás não compreendo como é que se pode querer utilizar todos os docentes de uma escola secundária na vigilância por exemplo a um exame de Português. Lembro que na última sexta-feira, nas escolas secundárias, apenas estava prevista a realização do exame de Português do 12º ano. Deve ter sido divertido o trabalho que os conselhos executivos tiveram para inventar trabalho para os docentes todos. Estariam docentes a vigiar os exames e outros a vigiar quem vigiava os exames e ainda outros a vigiar quem vigiava os que vigiavam os exames... Confusos? Também eu. Enfim é o ME que temos.

Faço Minhas as Suas Palavras

M Bento, 15.06.05

Luís Osório, director do jornal A Capital, no seu editorial de hoje traduz em palavras quase tudo aquilo que me vai na alma sobre a morte de Álvaro Cunhal. Por isso não resisti a aqui deixar o seu artigo.


« Serei um dos muitos milhares que hoje estarão na despedida a Álvaro Cunhal. Não o faço por achar que devo prestar homenagem à sua coerência, mas por ter colocado os ideais em que acreditava à frente da sua vida. Numa altura em que tantos políticos sacrificam o serviço público em função das suas ambições pessoais e em que quase todos são incapazes de arriscar a sua carreira quanto mais a vida, acho que devo juntar-me aos milhares que hoje estarão na despedida ao «filho adoptivo do proletariado».


Não acompanharei Cunhal por partilhar das suas ideias ou por acreditar na possibilidade de um Homem Novo nascer dos escombros da decadência humana, mas por querer homenagear a sua inteligência pragmática e o extremo equilíbrio que conseguiu manter durante toda a sua vida política. Num tempo em que tantos parecem ser feitos de matéria insuflável e em que a maioria confunde táctica com estratégia, acho que devo juntar-me aos que hoje estarão na sua despedida.


Não acompanharei Cunhal por concordar com a maneira como, ao mesmo tempo que criticava o culto de personalidade, estimulava perversamente a sua própria mitificação, mas por ser um gigante num mundo de anões. Sem medo de morrer, sem medo de fazer rupturas, sem bens próprios, sem vida para além da ideologia que aprendeu a amar, sem uma única dúvida visível durante os últimos 70 anos. Quando quase todos não conseguem ceder ao medo da morte, ao medo das rupturas, à corrupção moral, à falta de dinheiro e ao estigma da culpa.


Não acompanharei Cunhal por ser comunista ou por ter desejado que ele e os seus camaradas conquistassem o poder, mas por representar a morte de alguém que é a antítese de um mundo tão desordenado e coberto de bezerros de ouro. Por querer homenagear o grande espírito de sacrifício comunista, por respeito pela memória de um Cunhal que conheci de criança quando pela mão do meu pai passeava na sede da Soeiro Pereira Gomes e na Festa do Avante!.


Faço-o por respeito e admiração por três mulheres que, comigo, também lá estarão. Elas pela memória do pai e marido, comunista de sempre, que as deixou tão cedo e que foi para elas um exemplo moral. Sempre que viam ou lembravam Cunhal, recordavam de que matéria era feita a sua essência. É por isso que muitos milhares o devem chorar nesta última caminhada. Álvaro Cunhal conseguiu ser uma referência que é o prolongamento de tantas vidas e de tanta memória.


Se elas, e tantos outros, o fazem também pela memória do legado dos que mais amaram, eu faço-o para não me esquecer de que, independentemente de me afirmar como alguém que defende o aperfeiçoamento deste sistema, não há convicção mais profunda do que a convicção do nosso coração. Seria sempre seu adversário, num quadro revolucionário sei que não seria poupado, mas Álvaro Cunhal está no meu coração. Que o seu exemplo moral e a firmeza de carácter sejam um exemplo não só para os comunistas.»


Luís Osório in A Capital


 

O Último dos Idealistas

M Bento, 13.06.05

Hoje morreu Álvaro Cunhal. Com ele desapareceu o último dos idealistas. Não me interessa agora a discussão sobre os méritos ou deméritos das suas concepções ideológicas, antes o simples facto de nele ter existido a experiência da visão utópica e ideológica do mundo. Hoje já não há políticos ideologicamente ricos. Hoje olho em volta e apenas vejo pragmáticos primários, visando a satisfação das suas necessidades individuais em detrimento dos outros. São ideologicamente vazios. São secos, crus, estéreis e perigosamente individualistas. As ideologias estão mortas, apregoam eles. Pobres de nós. O que nos separa da barbárie é, muitas vezes, a concepção ideológica das sociedades. Sem ela, não passamos de organizações sociais semelhantes a um qualquer formigueiro ou uma qualquer colmeia.

Por tudo isto e, mesmo não sendo marxista-leninista ou comunista, não pude deixar de me sentir mais só e pobre quando escutei a noticia da morte de Álvaro Cunhal.    

Aí Estão os Fogos Florestais

M Bento, 07.06.05

Está visto que com esta vaga de calor começou a novela dos incêndios neste país. E para espanto de todos nós descobriu-se que, hoje, apenas estão disponíveis dois míseros helicópteros para ajudar no combate aos incêndios em todo o território nacional. Somos de facto um país de brincadeira. Assim ninguém nos leva a sério.




O Canto das Sereias

M Bento, 01.06.05

Os novos jovens lobos neo-liberais mostram por estes dias as unhas, querendo aproveitar estes dias de incerteza, angústia, dúvida e descrença para impor a todos nós o seu modelo económico, assente nesse novo mito - o mercado perfeito. No Leviathan encontrei alguém que também não quer deixar-se embalar por este novo canto da sereia que nos procura enfeitiçar. O seu texto - Pensar Pela Própria Cabeça - vale a pena ser lido.