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PROTEU

Porque Não Podemos Andar Sempre a Dormir e Há Muita Coisa Ainda Para Descobrir e Ver.

PROTEU

Porque Não Podemos Andar Sempre a Dormir e Há Muita Coisa Ainda Para Descobrir e Ver.

Triste Europeu!

M Bento, 26.05.06

Lá perdemos o segundo jogo do campeonato europeu de sub – 21. Sempre achei que se exagerava quando se falava na qualidade colectiva desta nossa selecção. Tendo em conta a qualidade dos adversários na fase de apuramento, estes jogadores apenas  uma vez tiveram de facto um osso verdadeiramente duro de roer, que foi a Suiça. Se bem se lembram a equipa nacional viu-se e desejou-se para os conseguir eliminar.

Mas o que verdadeiramente me irritou, nestes dois jogos do europeu, nem sequer foi o ter perdido duma forma tão clara quanto inquestionável. O que me irritou foi o ter visto um seleccionador que conseguiu por uma equipa nacional a jogar um tipo de futebol que nunca esteve no código genético dos nossos jogadores. É quase um crime de lesa pátria ver uma selecção nacional de futebol a jogar à inglesa – chuta para a frente e toca a correr. Senti-me envergonhado, não por termos perdido, mas por termos deixado toda a gente a pensar que não somos capazes de jogar com a bola juntinho à relva. Nós, a quem já muita imprensa internacional já chamou o Brasil da Europa, neste europeu parecemos a Islândia (com todo o respeito que este país me merece). Valha-nos Deus!

Não é polémico, não é notícia!

M Bento, 15.05.06

Hoje o seleccionador nacional de futebol, anunciou a lista de convocados para participar no próximo mundial. A sala estava repleta de jornalistas sequiosos por novidades e polémicas. Depois de anunciada a lista, passou-se para o período de perguntas e respostas. Eis então a pergunta, que se pretendia assassina: Porque razão Quaresma não foi convocado para a selecção A? O pressuposto era que este jogador tinha sido eleito, pelos jornalistas, como o melhor jogador do campeonato nacional. Nunca se me constou que, apenas pelo facto de ser o escolhido pela comunicação social, um qualquer jogador tenha que ser aceite por toda a nação como sendo de facto o melhor. Porque não Pepe? Ele foi o garante de toda a estabilidade defensiva da equipa campeã. Aliás, Quaresma nem sequer foi o principal autor da maioria das assistências para golo. Portanto, esta escolha é cheia de uma enorme relatividade, mesmo assumindo, como assumo, que sou um dos maiores admiradores do talento puro de Ricardo Quaresma.

Mas a comunicação social adora exercer o seu poder intocável e isso ficou hoje bem patente nos momentos que se seguiram à pergunta assassina que acima referi. Esta questão foi colocada no pressuposto de gerar e incendiar mais uma polémica que lhes servisse de alimento. Mas, o seleccionador ao assumir que não responderia a questões sobre quem não tinha sido convocado esvaziou o balão das expectativas da comunicação social. Quase de imediato, alguns canais de televisão, deixaram de transmitir a conferência de imprensa em directo. Sem polémica não interessa. Sem polémica não é notícia. Estamos, pois, na presença de mais uma demonstração do exercício do quarto poder.

Para ler mais sobre este poder clique aqui.  

Boa Sporting!

M Bento, 08.05.06

Bons, desta vez não morreram na praia e lá conseguiram o segundo lugar da Liga e o respectivo acesso à Liga dos Campeões. Fiquei particularmente satisfeito pelo facto do golo que deu a vitória ao SCP ter sido marcado pelo miúdo João Moutinho. O rapaz, se calhar mais do que qualquer um outro, merecia carimbar o passaporte para a Champions. Não há dúvida que nesta época foi ele quem carregou com aquela equipa às costas.

Já agora, o meu lamento pela despromoção do Belenenses. O meu lamento, porque simpatizo com aquele clube e porque por ele bate o coração do meu pai.

Despedidos Por Computador

M Bento, 05.05.06

Não resisto a partilhar convosco este artigo do padre António Rego em que tropecei hoje. Vale a pena ler e pensar. Há uma nova ditadura no ar: a ditadura da economia cega.

 
Despedidos por computador

 
De cada quatro trabalhadores portugueses, apenas um está sindicalizado. Há quarenta anos isso já constituiria um número excessivo. Após a Revolução do 25 de Abril tornou-se quase uma obrigação de consciência. Hoje, coloca-se com uma espécie de conformismo face às novas situações que, ou não acreditam na eficácia dos sindicatos, ou se desiludiram do sistema de emprego e direitos sociais, ou apenas acham que não se vai às inundações com baldes pequenos, nem se apaga fogos de floresta com extintores de gabinete.
Quer tudo isto dizer que os tempos mudaram. A economia rege-se por novas regras com reflexos profundos no enquadramento humano do trabalho. Colhe-se a impressão de que o homem está para o trabalho e não o contrário, a economia apenas procura uma eficácia que pouco tem a ver com o respeito por aqueles que a sustentam.

A Revista Communio (Revista Internacional Católica) com particular pertinácia dedica o seu último número à "Ética Económica e Globalização", procurando por diversos ângulos e com colaboradores especializados, olhar a economia como um fenómeno humano, destinado ao homem, inspirado numa ética que ultrapassa as sacralizações banais das regras do mercado.
Mudou o trabalho, mudaram as leis de admissão, o conceito de fixação. Lembre-se o célebre empresário que em S. Francisco (USA) afirmava perante circunspectos peritos, que "cada um pode trabalhar quanto queira e os estrangeiros nem precisam de visto. Num mundo global as regras impostas pelos governos perderam significado. O emprego está em função das necessidades da empresa. Contrata-se e despede-se por computador."
E também se disse que "neste século, apenas dois décimos da população é suficiente para manter a actividade da economia mundial". Os outros 80%, são o menos.

A Igreja lançou um Catecismo da Igreja Católica que elenca e desenvolve as verdades principais da fé. Mas também um Compêndio de Doutrina Social que esclarece e vincula as consciências na construção deste mundo a partir da maravilha do trabalho como obra continuada de Deus. Por vezes a moral e a fé aplicam-se com pesos e medidas circunstanciais. A consciência não pode variar de elasticidade consoante os interesses de cada momento. Nem despedir-se... por computador.

António Rego
(In: Agência Ecclesia)

Le Petit Fait-Divers

M Bento, 05.05.06

«O Ministério da Educação está a dar novas orientações às escolas para a ocupação plena dos tempos escolares. Uma das regras passa pelos docentes avisarem com antecedência que vão faltar, por forma a serem substítuídos por outro professor. Caso contrário, correm o risco de falta injustificada.» (in TSF online)

Mais umas das obras-primas desta equipa ministerial. Esta medida só me provoca dois míseros comentários:

  1. Pelos vistos as tão faladas aulas de substituição foram um fiasco pedagógico. A relação entre as aulas de substituição, por um qualquer professor que estivesse de escala, e o aumento do sucesso educativo nunca foi, por este ministério, cabalmente demonstrada. Aliás, neste contexto, tal seria uma impossibilidade científica. Mais, essa nunca foi a verdadeira razão de ser da criação das aulas de substituição.
  2. A maior parte das vezes, um professor não consegue prever, com a antecedência que a ilustre senhora ministra desejaria, uma doença sua ou de um dos seus familiares de si dependentes.
 

Esta medida resulta duma opinião, hoje generalizada entre ministra e secretário de estado, segundo a qual o insucesso educativo resulta, em grande medida, do chamado absentismo docente. Meus amigos, se os programas das diferentes disciplinas, não são trabalhados na sua totalidade, isso resulta, antes de mais, da sua própria extensão. Nenhum professor, mesmo que nunca falte, respeitando os ritmos de aprendizagem dos seus alunos, consegue, por exemplo, trabalhar com a necessária profundidade a totalidade do programa de matemática do 10º ano. A não ser que dê aulas a alunos muito especiais.

No que diz respeito à partilha da planificação das aulas entre colegas, nada a dizer, a não ser que isso já hoje se faz em muitas das nossas escolas.

Por tudo isto, parece que estamos perante mais um dos fait-divers em que este ministério se vem tornando especialista. Enquanto esta brincadeira vai continuando, a problemática da gestão de conflitos e de combate à indisciplina e violência nas escolas continua a ser ignorada. No Reino Unido, essa terra de ignorantes e incompetentes, esta é hoje a grande frente de batalha do sistema educativo. Como de costume, nós iremos olhar para isso lá para 2020. Mais uma vez chegaremos atrasados à modernidade. Mas nós já estamos habituados.