Estão 7 graus lá fora. O frio é de rachar.
Mas lá fora ainda anda gente. Lá fora, na rua, ainda dorme gente.
Estão 7 graus lá fora, na rua... na rua onde dorme gente.
A malta deste governo está imparável. Para que nada nem ninguém se lhes atravesse no caminho, estão dispostos a tudo.
Primeiro recorrem a
estratégias baixas para evitar que o ex-presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos possa ir ao parlamento esclarecer os motivos pelos quais terá resolvido demitir-se do seu cargo. Talvez não fosse agradável saber-se o que ele tem para dizer.
Em segundo lugar, o senhor primeiro-ministro
resolveu , vergonhosamente , começar a pressionar o mais possível o Tribunal Constitucional. É que os senhores juízes não têm de se manifestar sobre a bondade da legislação em causa, mas apenas sobre se ela respeita , ou não, a Constituição da república. É demasiado baixo para vir do primeiro-ministro deste país. É que é dele que tem de vir o exemplo. Agora, qualquer individuo se pode sentir no direito de pressionar desaforadamente qualquer tribunal que tenha de enfrentar.
Este país da treta tem de facto o governo que merece. Para mal de todos nós.
O mundo parou
A estrela morreu
No fundo da treva
O infante nasceu.
Nasceu num estábulo
Pequeno e singelo
Com boi e charrua
Com foice e martelo.
Ao lado do infante
O homem e a mulher
Uma tal Maria
Um José qualquer.
A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou.
O dia o fez branco
Branco como a luz
À falta de um nome
Chamou-se Jesus.
Jesus pequenino
Filho natural
Ergue-te, menino
É triste o Natal.
(Vinicius de Morais - Natal de 1947)