O Tesouro dos Combustíveis
O preço dos combustíveis em Portugal continua a ser um assunto que anda sempre na zona cinzenta dos argumentários sejam eles apresentados pelo estado, sejam apresentados pelas gasolineiras. Por mais argumentos que cada um deles apresente, há sempre questões que permanecem por explicar. E nem vou falar na escandalosa e óbvia concertação de preços.
Permitam-me aqui um parêntesis sobre o argumento económico segundo o qual a livre concorrência protege os consumidores. Em Portugal ainda está por provar a validade desse argumento (que me perdoem os iluminados da Iniciativa Liberal). Querem exemplos? Empresas de telecomunicações, seguradoras, bancos, empresas de combustíveis e energias, entre outras, que no nosso país se tornaram, perante a indiferença da classe política, em especialistas na concertação de preços com prejuízo evidente dos consumidores.
Voltando aos combustíveis, os preços que ontem de manhã foram aplicados nos postos de venda representam um aumento a raiar o criminoso. O combustível que está nas bombas corresponde a petróleo comprado há seis meses, com preços bem mais reduzidos do que é cobrado actualmente. Estamos, por isso, a falar dum produto que, quer na sua aquisição, quer na sua transformação implicou um custo mais reduzido que aquele que está associado ao crude comercializado hoje.
Observemos preços ontem praticados em Lisboa, por comparação com os preços praticados em estações de serviço da BP, Repsol, Cepsa e Galp em Madrid e Vigo (no caso da Galp). Estes dados foram recolhidos directamente da página FluelFlash que mantém a informação actualizada sobre os preços praticados nos diferentes países europeus. (entre parêntesis está a diferença para o preço em Espanha):
Cepsa - Gasóleo 1,83€ (mais 0,12€); Gasolina 1,94€ (mais 0,12€)
Repsol - Gasóleo 1,94€ (mais 0,28€); Gasolina 2,06€ (mais 0,27€)
BP - Gasóleo 1,95€ (mais 0,25€); Gasolina 2,03€ (mais 0,24€)
Galp - Gasóleo 1,95€ (mais 0,36€); Gasolina 2,08€ (mais 0,36€)
O estado português tem de definir um valor máximo para cada litro de combustível. Depois ir fazendo variações nos impostos sobre ele, de forma a garantir que esse valor máximo ao consumidor não é ultrapassado. Isto poderia perfeitamente ser uma medida transitória, com a duração de alguns meses, até o preço do crude voltar para valores mais aceitáveis.