25 de Abril - Eu Não Esqueço!
Quando muitos querem, descaradamente, branquear o passado. Quando muitos o que mais desejam é passar a ideia de que, aquele dia de Abril, foi apenas mais um dia como tantos outros. Quando os que hoje detém o poder olham para os que, naquele vigésimo quinto dia de Abril, deram o corpo e arriscaram a sua própria segurança e vida, como se não passassem dum mero bando de sonhadores idealistas, a quem o tempo felizmente apagou da memória colectiva.
Pois bem a esses eu quero dizer apenas isto: EU NÃO ESQUEÇO! Eu não sou ingrato!
Estes mesmos que agora nos falam de competitividade, de desenvolvimento económico, em fim das regalias sociais filhas da liberdade de Abril, nas benesses da competição, do cada um por si, são os mesmos que, nas vésperas de 25 de Abril de 1974, comiam cobardemente na mesa de quem tinha o poder, e que seriam de todo incapazes de arriscar o seu bem estar, a sua vida, para libertar o seu povo. Alguém, por acaso, imagina o nosso primeiro-ministro a arriscar o seu pescoço para derrubar Marcelo Caetano e o seu séquito de pequenos tiranos? Eu não! De gente como ele, e da maior parte da actual classe politica, nunca poderíamos esperar tal acto de coragem gratuita.
Chamemos os bois pelos nomes, o mesmo homem, o mais alto magistrado da nação, que hoje em pelo parlamento falou das conquistas de Abril, foi aquele que, enquanto primeiro ministro, negou uma pensão a um Salgueiro Maia já doente, dando outra a um antigo responsável da PIDE/DGS, que se terá distinguido, principalmente, enquanto exímio turturador dos seus concidadãos.
Eu não esqueço!
A Salgueiro Maia e a todos os seus colegas, que da sua coragem fizeram renascer um pais das cinzas, só me resta dizer uma coisa: OBRIGADO!