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PROTEU

Porque Não Podemos Andar Sempre a Dormir e Há Muita Coisa Ainda Para Descobrir e Ver.

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O Drama Queirós!

M Bento, 13.06.09

O regresso de Carlos Queirós ao comando da selecção nacional tem sido tudo menos um conto de fadas. Desde já faço aqui uma declaração de intenções: sou um dos admiradores das qualidades e perfil do seleccionador. Por isso sito-me particularmente à vontade com o que aqui vou escrever.
Há profissionais que têm bom rendimento quando a função que desempenham está de acordo quer com a sua competência, quer com o seu perfil. Aproveitando uma ideia expressa hoje por Diogo Quintela (ilustre Gato Fedorento) num jornal diário, há jogadores com bom rendimento numa posição, mas que revelam particulares dificuldades quando são colocados numa posição diferente à que normalmente ocupam. Isso é o que acontece com Queirós. Ele é um notável organizador e planificador, um muito bom adjunto mas enquanto técnico principal torna-se medíocre. Os resultados aí estão para o provar. Sofrível desempenho ao serviço do Sporting Clube de Portugal, banal ao serviço do Real Madrid e miserável o actual desempenho ao serviço da selecção nacional. Onde é que ele teve bom trabalho? Enquanto adjunto de Fergusson. Os factos não permitem qualquer outra leitura: ele é muito bom enquanto adjunto mas péssimo enquanto técnico principal. Principalmente quando o nível competitivo é muito grande, como ao serviço quer do Real Madrid, quer da selecção nacional.
O que podemos concluir numa primeira comparação entre o trabalho do actual seleccionador e o do anterior? Passámos duma selecção de topo, com elevado crédito por esse mundo fora, para uma anedota internacional.
Já agora e em relação ao que Rui Santos tanto tem apregoado na SIC, numa tentativa quase obsessiva e infantil para branquear a tragédia do trabalho de Queirós, no último Mundial, dos grandes nomes do futebol que ele gosta de nomear (Rui Costa, Couto, Jorge Costa, Baia, etc.) apenas esteve presente Figo. E com aquela equipa chegámos às meias-finais do mundial (apenas pela segunda vez na nossa história). No último europeu, mesmo já sem Figo, chegámos aos quartos de final e fomos eliminados pela Alemanha! Apenas a finalista desse certame. Não fomos derrotados pela Dinamarca, Hungria ou Albânia, mas sim pela Alemanha.
Rui Santos argumenta, muitas vezes, que no campeonato nacional não há jogadores suficientes para serem seleccionados, uma vez que, segundo ele, estes estão tapados por jogadores estrangeiros. É de facto verdade, mas sempre foi assim e não me lembro de, no passado, o ter ouvido a usar esse argumento para tentar explicar os fracassos de outros seleccionadores. Já agora, não estão cá os melhores por uma simples razão: estão a jogar nos campeonatos mais competitivos da Europa. Vejamos apenas alguns: Pedro Mendes (campeão na Escócia), Simão, Maniche, Ricardo Costa (campeão na Alemanha), Hugo Almeida (vencedor da Taça Alemã e finalista da Taça UEFA), Tiago, Quaresma (mesmo que meio eclipsado), Dani, Manuel da Costa (ex-campeão da Holanda), Duda, Nani e claro Cristiano Ronaldo (entre muitos outros). Portanto, já chega de tentar defender o indefensável.
Em resumo, anda mais de meio país a tentar perceber o que Queirós anda a fazer, mas já todos compreendemos uma coisa muito simples: ir ao mundial é já uma miragem. E com um dos mais acessíveis grupos de qualificação que me lembro. Seremos eliminados por essas potências do futebol mundial que são a Albânia (nem um joguito lhes ganhámos), a Dinamarca, a Suécia, Hungria e esse potentado que dá pelo nome de Malta. Aliás, Portugal apenas conseguiu ganhar dois jogos até hoje (ambos com Malta).
Mas o seleccionador ainda vive imerso num outro drama. Aquilo que até hoje todos lhe reconheciam com sendo a sua grande obra, uma verdadeira pedrada no charco, foi o trabalho de formação na Federação Portuguesa de Futebol. No entanto, hoje, há uma sombra que baixa também sobre essa coroa de glória. É que, aparecer agora outras entidades a fazer um trabalho de formação reconhecido internacionalmente parece que o faz temer que o brilho do que ele outrora fez diminua. É notório o seu incómodo com a formação de Alcochete. A excepção é Cristiano Ronaldo, mas nesse caso o escândalo da sua não utilização seria ensurdecedor. Nem Nani escapa a esse sentimento estranho.
Bom e assim lá vamos todos andando, cantando e rindo, de volta à banalização da selecção e de regresso à segunda divisão europeia. Porque não haja grandes ilusões, depois do falhanço do apuramento para o mundial da África do Sul seguir-se-ão outras eliminações. Dificilmente voltaremos a ser uma equipa respeitada e temida como o fomos nos último anos. Nunca pensei vir a dizer alguma vez isto, mas enfim: volta Scolari, estás perdoado! E já agora, se não te importas, podes agradecer a Carlos Querirós.