O Advento Dum Novo Dia
M Bento, 13.11.09
Vivemos tempos difíceis e estranhos. Para muitos de nós estes tempos são uma completa novidade. Nunca antes sentíramos o peso da crise, desta angústia com o que o futuro nos guarda. Nunca, como agora, o amanhã se tornou em incógnita realidade envolta em névoa.
Para muitos de nós os dias são plenos de receio, temor e angústia. Mas muitos outros há, para quem o acordar em cada dia se tornou um despertar dramático, porque se sentem completamente impotentes para contornar as curvas da vida.
Como nos colocamos nós agora nesta nova vida que fomos chamados a viver? Procurando cada um salvar-se por si só? Essa é resposta que, durante anos, certos pensadores dum liberalismo selvagem destilaram para os nossos ouvidos. Era o Darwinismo na sua pior face... Isto é, só os mais aptos e mais fortes podem subsistir. Nas relações sociais isso é inaceitável, desde logo porque nós não somos uma qualquer formiga, ou peixe, ou ave, ou ser microscópico. Nós somos membros duma espécie que é diferente, nem melhor nem pior, mas diferente - a Humanidade. Eu, pelo menos eu, recuso-me a ser como a formiga ou como a minhoca.
É por essa diferença que não podemos aceitar a lógica do cada um por si, ou do salve-se quem puder. É pois, assente nessa diferença que a nossa lógica de relações e de vida em sociedade é outra - Todos Somos Responsáveis Uns Pelos Outros! Dependemos uns os outros, somos irmãos, companheiros de jornada e não animais selvagens. É do compromisso, que aceitamos assumir, que renasce em cada dia uma nova humanidade. Não há volta dar, é aqui que reside a nossa identidade. É isto que me faz olhar para cada alvorada como o advento dum novo dia... duma nova humanidade.