Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

PROTEU

Porque Não Podemos Andar Sempre a Dormir e Há Muita Coisa Ainda Para Descobrir e Ver.

PROTEU

Porque Não Podemos Andar Sempre a Dormir e Há Muita Coisa Ainda Para Descobrir e Ver.

Dar Dinheiro Público aos Colégios Privados

M Bento, 17.10.13

Este governo tem, desde o inicio, uma agenda ideológica bem clara e que visa essencialmente desviar os poucos recursos públicos para engrossar os lucros de empresas privadas. Isso tem sido perfeitamente observável nos mais diversos sectores da vida nacional (veja-se a redução de imposto sobre os lucros das empresas por oposição ao brutal aumento da redução salarial).

No campo da educação esta opção tem sido evidente. Já não é mais possível a Nuno Crato disfarçar a sua visão essencialmente elitista da sociedade que tem como consequência o estrangulamento financeiro da escola pública, por oposição ao aumento da dotação orçamental para os colégios privados.

"Quanto ao OE global para a educação, a fatia destinada ao sector em termos de ensino básico e secundário vai ser inferior em quase 8% por comparação ao que aconteceu este ano. A despesa estimada baixa da fasquia dos 6000 milhões de euros, com o Governo a destinar menos dinheiro à escola pública. Em sentido contrário, as transferências para os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo sofrem um aumento, bem como o investimento da Parque Escolar."

É por estas e por outras que, cada vez que escuto o ministro da edução a falar na defesa da escola pública, não consigo deixar de ficar espantado e chocado com a falta de sentido de decoro e de vergonha.  

A Crise Política, ou o que raio seja isto!

M Bento, 06.07.13

Vamos ver se entendi alguma coisa disto.
1. Este governo tem sido, desde há dois anos, orientado pela vontade férrea de Vítor Gaspar, secundado pelo entusiasmo de Passos Coelho, com a bênção de Cavaco Silva, apadrinhado pelo entusiasmo do BCE, FMI, Comissão Europeia e da omnipresente Angela Merkel.
2. Nestes dois anos fizeram o que quiseram, legislaram o que lhes deu na real gana (com a excepção daquilo que era completamente ilegal à luz da Constituição).
3. Os "sacrossantos" mercados adoraram esta posição do Portugal de Vítor Gaspar que nos colocou na posição de cordeiro para o sacrifício da sua vontade gulosa e perversa.
4. Apesar disto tudo Gaspar e Coelho não acertaram uma única previsão. Nem uma!
5. Todos os indicadores económicos e sociais pioraram com a aplicação desta receita. Não adianta Passos Coelho vir agora desculpar-se com o memorando estabelecido com a Troika. Haja memória. Ele disse, com todas as letras, que o memorando seria o seu próprio programa de governo e que pretendia mesmo ir mais além do que lá estava previsto.
6. Vivemos hoje manifestamente pior do que há dois anos e não se vislumbra qualquer perspectiva de melhorar.
7. Este governo conseguiu o impensável de colocar simultaneamente contra si patrões e sindicatos.

 

Perante tudo isto Gaspar demitiu-se. Não porque as suas escolhas tivessem conduzido Portugal a esta situação de tragédia nacional. Não. Pelos vistos ele demitiu-se porque acha que não conseguiu ir ainda mais fundo no seu rumo. Parece que ainda é possível afundar mais isto.

Passos Coelho, em vez de aproveitar esta janela de oportunidade para corrigir o rumo, decidiu colocar na pasta das finanças um alter ego de Gaspar. Mais do mesmo. Estávamos à beira do abismo e agora preparamo-nos alegremente para dar um passo em frente.


Descobrimos também agora que dois anos de falhanços contínuos deste governo não são relevante ao pé do pedido de demissão de Paulo Portas. As asneiras de Passos e companhia não são relevantes. O que importa agora é que Portas foi um irresponsável e se demitiu.
No entanto, se analisarmos com alguma racionalidade as decisões políticas recentes, talvez cheguemos à conclusão que a melhor decisão até agora foi o pedido de demissão de Paulo Portas. Teve consistência e consequência. Resta saber se é suficiente. 


Quanto ao papel de Cavaco Silva nesta história toda resta-nos lamentar que este infeliz presidente se tenha remetido voluntariamente para a irrelevância política. Não tenho memória de um titular de uma alto cargo político que se tenha deixado voluntariamente tornar tão irrelevante.

Exames para quê?

M Bento, 20.06.13

Para que serve a avaliação? Num sistema educativo a avaliação dos alunos tem diversas intenções e objectivos. Dentro da comunidade dos investigadores em avaliação em educação aquela emerge com três objectivos essenciais e que são, de alguma forma, consensuais: orientação, regulação e certificação (Charles Hadji - A avaliação, Regras do jogo). 

Antes de mais clarifique-se um aspecto essencial: avalia-se para se conhecer. Esta orientação, epistemologicamente falando assente numa perspectiva construtivista, assume, como ponto de partida para a organização do processo pedagógico, o resultado da avaliação. É, partindo das evidências que a avaliação nos proporciona, que se pode reconstruir todo o processo educativo numa sala de aula. É ela que vai permitindo ao docente afinar as estratégias e elaborar os materiais pedagógicos, reorientando assim o aluno na sua aprendizagem. 

Esta reflexão pode e deve ser aprofundada, não apenas por professores e especialistas em ciências da educação mas também pelos cidadãos em geral. Isto é essencial paraque toda a comunidade seja verdadeiramente capaz de compreender o que se vai passando no seio do nosso sistema educativo. 

Para mim e por agora, esta reflexão serve apenas para enquadrar o meu próprio pensamento sobre a existência de exames em momentos precoces do sistema educativo - 4º e 6º  e 9º ano.

Uma criança de 9 ou 11 anos aprende melhor porque vai fazer um exame? Há alguém que tenha estudado, investigado a sério, que sustente que um aluno aprende melhor porque no final do ano irá realizar um exame nacional? Não me parece. Um exame, enquanto instrumento avaliativo, não tem como finalidade melhorar a qualidade da aprendizagem. Nada disso. Serve essencialmente para medir, por referência a uma norma, a quantidade (mais que a qualidade) dos conhecimentos que um aluno tem num determinado momento da sua vida. Será isto o mais importante para estas crianças? Não será mais importante que as avaliações a que são sujeitas sirvam essencialmente para devolver aos professores informações significativas sobre a forma como elas estão a prender e que permitam ir monitorizando o seu percurso educativo? É ou não isto o mais relevante na avaliação de crianças e jovens até ao final do 9º ano? Se sim, então haja alguém que me explique por que razão andamos a desperdiçar milhões de euros na realização de exames nacionais no 4º, 6º e 9º ano. 

É para mim evidente que há uma intenção por trás desta realidade. Não tenho grandes dúvidas que essa intenção é bem perversa. Há muito tempo que perdi a inocência e deixei de acreditar na bondade dos nossos dirigentes políticos e na classe dirigente em geral. 

Admito que em momentos em que é necessário seriar, como forma de, por exemplo, decidir sobre o acesso ou não ao ensino superior, os exames possam ter o seu papel. Nesse caso talvez sejam eles o único instrumento verdadeiramente diferenciador. Agora em estádios mais precoces do ensino básico não me parece que sejam minimamente necessários. São um desperdício de recursos financeiros sem relevância significativa nas melhorias das aprendizagens.

 

Órfãos de Pais Presentes

M Bento, 06.02.13

Quem lida diariamente, por motivos profissionais ou outros, com crianças certamente já se apercebeu de algumas que parecem andar perdidas, sem alguém próximo que lhes mostre onde reside a fronteira do seu comportamento e as ajude a moldar o seu carácter. Tratam-se de meninos e meninas cujos pais, pelas mais variadas razões, se revelam incapazes de exercer verdadeiramente as suas responsabilidades parentais. Já nem estou a pensar naqueles que, por razões de desorganização individual, são incapazes de cuidar das necessidades básicas dos seus filhos (alimentação, higiene e vestuário). Não, estou a pensar naquele outros que, salvaguardando essas necessidades, se revelam incapazes de educar, na verdadeira acepção desta palavra. 

Educar, ser pai e mãe, dá trabalho. Não é tarefa para preguiçosos. Dizer sempre sim, mesmo quando o não se impõe é fácil. Não estar atento ao que a criança faz e encontrar sempre justificações (normalmente nos outros) para as falhas e limitações dos nossos filhos é a mais cómoda forma de paternidade e maternidade. Não conseguir perceber que o nosso filho ou filha, longe de ser um exemplar perfeito, é um ser humano em construção é meio caminho andado para o fracasso. 

Estar presente, saber dizer não, ser assertivo, não justificar tudo, estimular o sentido de responsabilidade são atitudes que dão trabalho. Muito trabalho. Mas ser pai e mãe é isso mesmo: ter trabalho. 

Preocupa-me a forma como crescem estas crianças que poderíamos caracterizar de órfãos com pais presentes. Os pais estão lá, mas não se comportam como tal. É como se lá não estivessem. Lamentavelmente no futuro todos, mas mesmo todos, pagaremos a pesada factura desta situação.

...

M Bento, 05.10.12

"O Presidente da República Cavaco Silva pediu ao Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, para alterar o local das comemorações, invocando o risco de manifestações populares." (IN Ionline)

A coragem nunca foi o forte dos políticos que andam pelos locais do poder nos dias que correm. Cavaco Silva nunca primou pela coragem, muito pelo contrário. Somos um pais desorientado, governado por um conjunto de políticos "de pacotilha". Que falta nos fazem aqueles homens e mulheres de "pelo na venta" que nunca fugiram a arriscar o seu pescoço na defesa dos seus ideais, na busca de um país melhor e mais justo.  

Pensar, Em Liberdade, a Educação Neste País!

M Bento, 23.07.12

António Guerreiro faz hoje, no Expresso Online, talvez uma das mais lúcidas análises às incongruências de todo o nosso sistema educativo. É um artigo extenso mas, atrevo-me a dizer, de leitura obrigatória. Partindo de uma sustentada análise aos exames, as contradições entre estes e os conteúdos dos programas nacionais (que leva a que, em alguns casos, para prepararem os alunos para os exames  os professores tenham de mandar às malvas o progama da sua disciplina), o autor faz-nos pensar no perfil intlectual de aluno que pretendemos "construir". 

Aqui fica a ligação para este artigo.